terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Títulos e afins



“Unless commitment is made, there are only promises and hopes; but no plans.” ― Peter F. Drucker




Falemos sobre modernices. Poderia falar sobre os "homens" de agora usarem calças justas, brincos e camisas decotadas. Sobre esta idiotice de se usar roupa rasgada, que custa os olhos da cara e os ditos ainda acharem que o seu look mendigo lhes fica o máximo. "Pergunto-lhes: caíste? Foste atropelado? Estás bem?" Nem chegam lá.  Miúdas com 13 anos que saem de casa às 23:00, vestidas (despidas) como as 'ladies of the night' da esquina mais próxima, que proferem mais impropérios que um taberneiro e chegam a casa a tempo do pequeno almoço, a tresandar a pacote de vinho tinto. Pais que nāo dizem que "nāo" porque "nāo é cool, e depois eles fazem pior". Sobre o #MeToo (#I'mStupid) movement, ou o facto de em pleno séc XXI ainda haver burgessos que acham divertidíssimo massacrar animais com bandarilhas e espadas e ainda lhe chamam cultura. Talvez, estamos na Era do culto da estupidez. E eis que temos trampolim para o tema de hoje. Cada um chama o que quer, mas isso nāo altera os factos, a realidade da coisa.

Ora, quem nāo passou por isto, que se acuse: "Ah e tal, o meu marido isto e aquilo." Brain switch. "Marido? Casaste e nāo disseste nada?! Mas..espera. Nāo tens aliança." Resposta cliché: "Nāo, nāo é preciso casar, vivemos juntos, é a mesma coisa." Oi? Será essa a lógica que o Sócrates usou? "Eh pá, se eu aparecer lá na universidade uns dias, fizer uma frequência ou duas, quem sabe até safo umas cadeiras e pronto, digo que sou licenciado." Vai dar tudo ao mesmo nāo é? Frequentam o mesmo sítio, fazem algumas coisas iguais, o diploma interessa para quê? Que mania que as pessoas têm com as formalidades. Impressionante a mesquinhez do ser humano.





(Pausa para reflexāo)









Continuemos. Meus caros, nāo sejamos dramáticos. Nāo quer isto dizer, que uma pessoa que nāo é casada, que vive meramente em pecado (desculpem, nāo resisti, sempre adorei o termo), nāo tenha uma excelente relaçāo e se sinta feliz e serena na mesma. Com certeza que sim, agora, chamem as coisas pelos nomes, sim? Já ninguém chama engenheiro ao Socas. "Ah, e tal, mas entāo chamo o quê? Namorado? Nāo faz sentido." Ora, definamos 'namorado': que ou aquele a quem se namora. Agora, definamos 'marido': homem unido a uma mulher pelo casamento; esposo. Qual é que nāo faz sentido, mesmo? Humm? Vá, se namorado (vá-se lá entender porquê - food for thought here) faz muita comichāo ao pessoal dito mente aberta, moderno, podem referir-se ao vosso dito cujo como 'companheiro': aquele que participa das ocupações, atividades, aventuras ou do destino de outra pessoa. Contentes, agora? Nāo. Nunca ficam. Especialmente os que já têm filhos em comum. Segunda investida: "Temos filhos, por isso posso dizer marido." Oiiiiiiii? Eh pá, entāo, nos tempos que correm, já nem bigamia chegava, seria a Era da poligamia, já que deve haver mais meios irmāos no mundo do que irmāos. Sim, sāo meios, nāo sāo irmāos como os outros, lamento. Partilham 25% do DNA e nāo 50% como os inteiros. Parece estar muito in ir tendo filhos de cada relaçāo. Deve ser algum programa de diversidade genética, proliferaçāo da espécie, como fazem nos zoos, mas versāo Homo sapiens. Desconheço. Neste ponto, a conversa já estava a azedar, mas nāo há nada que faça saltar a tampa ao pessoal  moderníssimo com crias, como a palavra "bastardo". Definamos 'bastardo": que nāo nasceu de matrimónio; que é fruto de uma relação extraconjugalfilho ilegítimo. O drama, o horror, a ofensa. Como assim, estou a ofender? Eu? Eu estou meramente a constatar factos. Muito modernos. Muito. Faz lembrar os outros que nascem de um género, mas depois querem que os tratemos como outro. Factos, meus caros, factos. Nāo é por sentirem de forma diferente que conseguem alterar a realidade, muito menos a realidade alheia. Favor anotar e reler. Bom, isto é mais a reacçāo feminina, sempre muito sensível a este tipo de 'reality check'. Já os homens, tratam o assunto com muito mais classe, nāo fossem eles os mestres do esquema. "Casar para quê? Um papel nāo vai fazer diferença. Já somos casados, o que interessa é estamos juntos. Aliás, dizem que quando se casa estraga tudo, conheço muita gente que se separou porque casaram." 
Um momento de silêncio para estes mestres e uma vida de orações para as mulheres que caem nisto. 



Ainda há pouco tempo um destes mestres que cá conheço, pediu a nova namorada em casamento. Já tinha vivido com uma 12 anos e tinham 2  filhos. No entanto diz que nunca tinha sentido nada assim por alguém como sente por esta.  Quer casar já para o ano. Patuscos, pá! 

Ora, dentro deste cenário, temos as mulheres que juram a pés juntos que nāo lhes faz diferença casar ou nāo, algumas até dizem mesmo que nāo querem e que se ele pedisse nāo aceitavam (novo momento de silêncio aqui, por favor) e outras, que dizem que gostavam muito mas que ele nāo quer. É com estas que costumo ter os princípios de AVC. Oh pessoa, entāo a criatura diz-te com TODAS as letras que nāo quer casar contigo e tu continuas com ele?! Meus amigos, onde se compra autoestima e dignidade, por favor?? Precisamos de todo o stock disponível aqui para a Maria Tola, sff. Meus caros, o mundo gira, tudo muda, mas existe um coisa chamada amor que, sendo do mais difícil de encontrar é do mais fácil que há de identificar. Peanuts, como diria o outro. E, parte disso, é a palavra compromisso. E esse papel, o "mero" papel, faz parte do processo, e faz toda a diferença, porque é esse papel, duas simples assinaturas, que validam as palavras que nos sāo ditas, comprovam a veracidade do infindável rol de palavreado que escutamos durante a relaçāo. Porque é que tenho um tarifário nada vantajoso, caríssimo, ainda hoje? Porquê? Porque é o único que nāo exige fidelizaçāo. Porque sou livre para mudar de tarifário ou de rede quando bem me apetecer. Porque nāo encontrei nenhum tarifário que fosse tāo bom e vantajoso que nāo só mudaria imediatamente como ficaria feliz, e faria questāo, de assinar uma fidelizaçāo. Ė essa a diferença meus caros, a liberdade de fuga simples, sem complicações e a perspectiva de vir a encontrar algo melhor, por nāo estarmos certos de já ter encontrado o melhor para nós. Tāo simples quanto isto. 
(Os que assinam o papelucho por razões monetárias, por um visto, estatuto, todas as anteriores, etc, nāo contam, sim? Vender a alma ao diabo é outro assunto.)
E pronto, assim me vou, certa de nāo ter ferido quaisquer susceptibilidades, uma vez que "é tudo a mesma coisa" e estāo todos muito felizes e seguros. Certo? Entāo, boas festas.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Inépcia familiaris


"There is more stupidity than hydrogen in the Universe, and it has a longer shelf life." - Frank Zappa



   Uma das maiores vantagens de se ter como fonte de inspiraçāo a inutilidade encefálica alheia, é nunca existir escassez de matéria prima. Recentemente, voltei a ouvir uma frase que já nāo ouvia há uns tempos: "Ah, entāo pronto, está explicado." Ora, deixem que vos enquadre. Sempre tive excelentes notas a Inglês e tenho especial prazer em exprimir-me nessa língua. Conheci, durante os meus tempos de estudante, incluíndo todos os graus, talvez, umas quatro pessoas, cujo nível de inglês considero muito elevado. Dado as notas elevadas, e mais tarde, o aparecimento das redes sociais, há imensas pessoas que me perguntam se sou portuguesa. A primeira reacçāo, costuma ser um género de gargalhada abafada, muito suave. Em seguida, em vez de responder, faço uma contrapergunta: "Porquê a pergunta?", cujas respostas habituais variam entre: "Ah, por causa das tuas notas!"; "Ah, por causa do sotaque." e "Ah, porque escreves tanto em inglês e com palavras que nāo são "normais".". Posteriormente, dou um sorriso algo enjoado, e, por fim, respondo, propositadamente, já à espera do clichê: "Tenho cidadania portuguesa, mas nasci na África do Sul. Nesta fase, a reacçāo é universal: "Ahhhh, pronto, está explicado.", acoplada a um sorriso presunçoso, de quem descodificou o mistério do pós morte e tem um dom inato para a deduçāo. 



(Pausa dedicada à apreciaçāo do momento de regozijo, por parte do campeāo.)



...





   Ora, eu podia perder aqui alguns momentos a fornecer-vos algumas curiosidades como o facto de ter vindo para Portugal com 2 anos de idade, mas, na realidade, a idiotice dos comentários é tāo colossal, que se torna absolutamente desnecessário. Quer entāo, o ser iluminado, dizer-me que se tenho um nível dito elevado, tanto na escrita, como na fala, e notas elevadas, a determinada língua, é porque, sou de um País em que essa língua é oficial? É isso? Posso nāo ter o mesmo dom que o ser iluminado para a deduçāo e análise, mas é o que se subentende, certo? Tem toda a lógica. Entāo, se a pessoa nasce e cresce a ouvir a língua, aprende a ler e a escrever, vai à escola durante, pelo menos, 12 anos, sempre nessa língua, é ÓBVIO, que tem que dominá-la de forma exímia. Nem estou a considerar o pormenor absolutamente insignificante de ter saído de lá com 2 anos e ter feito todo o meu percurso escolar em Portugal. Pormenores à parte, o ser tem toda a razāo, concordo plenamente com a linha de pensamento, mas, sendo assim...isso quer dizer que, entāo, quem é português, cresce em Portugal, fala português em casa, aprende a ler e a escrever em Portugal, faz toda a escolaridade em Portugal, também tem sempre excelentes, 5 (no ciclo) e 19-20 no liceu, e domina a língua, falada e escrita, tal e qual Camões. Sim? Humm? Ah, mas esperem....agora que penso nisso...muitos desses seres iluminados tinham negativa a Português. Está boa! E eu vejo os status e comentários nas redes sociais de vários seres iluminados, eles escrevem coisas como "hádes, percebes-te, para lhe ver, concerteza, á pessoas, descordo, bebida à descriçāo", etc. Eu ouço-os falar, e falam ao mesmo nível que escrevem. Homessa! Nascidos e criados em Portugal e falam e escrevem como pessoas sem instruçāo? Ai! Assim fiquei confusa, lá se foi a lógica. Bolas, nāo devo ter muito jeito para isto, mas, se calhar, da próxima vez que um ser iluminado me fizer a pergunta do costume, após responder o de sempre, vou passar também a perguntar: "Entāo e tu, és de onde? Da Grécia?"

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Double Standards & Co.


“What you do speaks so loudly that I cannot hear what you say.” - Ralph Waldo Emerson



Aportuguesando a coisa..falemos sobre indivíduos algo hipócritas, desprovidos de imparcialidade. Seres com dois pesos e duas medidas. Podia esmiuçar n exemplos, mas vou focar-me num que me enerva profundamente e que me toca especialmente.
 Quem tem cães de raça, certamente já foi alvo de um olhar de desaprovação ou de uma sobrancelha arqueada por parte dos defensores do "não compre, adopte". Por adoptar, entenda-se ir buscar um cão/gato abandonado, ao canil ou qualquer outra instituição do género. O crucial é NUNCA comprar um patudo; com tantos cães/gatos abandonados e a precisar de lar, comprar animais de raça é considerado crime, por estas pessoas. Antes de mais: acho uma total falta de integridade alguém vender animais; comprar, não é o desejável, mas, assumindo que a pessoa que compra o animal, o faz porque realmente gosta daquele animal e tem como objectivo dar-lhe uma vida extremamente feliz, comprar o animal, significa salvá-lo de outro possível dono, quiçá com sentimentos menos nobres, portanto, vejo-o como um acto positivo. Bem, o que está em causa não é propriamente o facto de as pessoas gastarem dinheiro na aquisição de animais, tendo tantos disponíveis e em condições menos boas, no canil mais próximo. O argumento que ouço mais vezes, o que lhes faz realmente comichão, é simplesmente o seguinte pensamento: "Achas que um cão de raça é melhor do que um rafeiro, é? São todos igualmente merecedores de afecto, são todos lindos, cheios de amor para dar, etc." Todos os argumentos andam à volta disto.
Ora, vejamos... Lindos, todos? Não, não são, lamento. Há cães e gatos muito pouco abençoados pela Natureza, tal e qual acontece com todos os outros seres. Igualmente merecedores de afecto? Certamente.  Cheios de amor para dar? Possivelmente, dependendo do que já passaram, há casos deveras complicados. Gostava que todos tivessem um lar, com uma família que os tratasse como um membro da mesma? Seria uma felicidade extrema, mas é uma utopia.
Então agora pergunto eu: por que raio é que estas criaturas que atacam fervorosamente os donos de cães de raça com estes argumentos, têm filhos biológicos ou não criticam quem os tem?! Há milhares, para não dizer milhões, de crianças, de todas as cores, etnias, nacionalidades e idades, com vidas miseráveis, abandonadas e maltratadas pelos pais biológicos ou órfãs, a viver em instituições, a sonhar com o dia em que alguém lhes estenda a mão. Com tanta criança nestas condições, a maioria das pessoas escolhe, deliberadamente, gerar crianças. Algumas até chegam a gastar milhares de euros em tratamentos de fertilidade, outras pagam a outras mulheres para carregarem o seu embrião. Serão estas pessoas seres tão abomináveis como os donos de cães de raça? Que gentalha, sinceramente. Com tanta criança abandonada, têm a ousadia de gerar uma nova? Porquê? Só porque querem que tenha os belos olhos do pai, ou a personalidade adorável da mãe? Pff. É o cúmulo do egoísmo. Sinceramente, onde já se viu, ao que este mundo chegou, gerar mais crianças com tantas disponíveis no mundo.

(Vou dar-vos alguns momentos para reflectirem sobre o assunto.)






Pronto, certamente que alguns de vós já estarão possessos e a pensar “Onde já se viu, comparar crianças a animais?”; “Uma coisa não tem nada a ver com outra.”
E eu respondo: o princípio é exactamente o mesmo. Da mesma forma que a maioria dos seres humanos, podendo escolher, gostaria de ter um filho biológico, quem tem cães, também tem as suas predilecções,  sejam relativas a personalidade ou estéticas, é tão simples quanto isso.

Outro aspecto que este tipo de pessoa adora criticar é o facto de se ter cães em apartamentos. Outro crime horrendo. Ora, uma pessoa que faz este tipo de comentário, ou nunca teve um cão na vida, ou então, a relação que mantinha ou mantém com os mesmos, é deplorável. Deixem que elucide os menos informados. Já tive cães em vivendas e em apartamentos. Faz diferença no dia a dia e comportamento do animal? Era muito mais feliz quando tinha todo um jardim por onde correr e escavar? Era o espelho da infelicidade no apartamento? Ora, a diferença entre um cão a viver numa vivenda e num apartamento é… …..zero. Porquê? Porque a prioridade de um cão não é o local onde vive mas sim, com quem vive. Quer nas vivendas, quer nos apartamentos, todos os cães que tive, estavam e estão, SEMPRE, onde nós estivérmos. Numa vivenda com um terreno enorme, e todas as portas abertas, com possibilidade de escolha entre estar dentro ou fora de casa, a escolha era sempre simples: onde o dono estivesse. E agora volto eu a questionar. Então e essa moda de criar filhos em apartamentos? Que crime. É horripilante. Coitadinhos dos miúdos, sem espaço nenhum para correrem. Até há famílias que nem sequer têm quartos individuais para as crianças, chegam ao ponto de ter de dividir quartos com os irmãos. Pobrezinhos. Devia ser proibido ter filhos a quem vive em apartamentos com menos de x m².

(Segunda pausa para reflexão.)






Pronto, a esta hora já alguém me está a chamar nomes menos nobres e a dizer: “Lá vem esta outra vez comparar bichos a pessoas. Então não vê que os miúdos saem de casa, passeiam?”
Esperemos que seja esse o caso. Da mesma forma que esperamos que quem tem cães também os leve a passear e a conhecer outros ambientes. Já agora, sempre supervisionados, e com trela, de preferência. Já não se aguenta o rol diário de notícias sobre cães desaparecidos e/ou atropelados. É curioso, é que sempre que há cães desaparecidos, estavam sem supervisão, em locais de risco ou de fácil acesso a terceiros. Sozinhos no jardim, a maioria. É estranho, parece haver sempre um conjunto de factores comuns nestes casos. Já os que são atropelados, nunca são atropelados com trela. É uma coisa curiosa isso. Diz que isso tem um nome..como é que era…isto com a idade, a memória começa a falhar…tem a ver com desleixo, preguiça, ausência de reflexão necessária…ah, já sei!! Negligência. Pura.

Só mais uma coisa…caros seres que dizem de boca cheia que os vossos cães são família para vocês, mas que não estão dispostos a gastar nem um cêntimo com eles, quer em saúde ou alimentação, que não lhes dão a atenção e educação necessárias, que os deixam a dormir ao relento e sem qualquer conforto, a viver no quintal, desprotegidos, acorrentados, que mudam de casa e não os levam convosco, ganhem alguma vergonha na cara, e pelo menos fiquem calados, porque é deveras ofensivo, para todos nós, que realmente os tratamos e amamos como membros da família. Agradecida.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Imago tenebrarum


"Kiss thy lips and you will see what thou create." Santosh Kalwar 


Este é o tipo de post que não me dá grande regozijo por ser sobre algo deveras perturbador, mas que, sendo impossível ignorar o ambiente que me rodeia, se torna imperativo. Vou tentar torná-lo curto (de modo a manter aquela sensação desagradável na zona abdominal, que é como quem diz “náusea”, presente durante o mínimo período de tempo possível).

Ora, comecemos com uma definição muito simples: zonas erógenas. "Zonas erógenas são determinadas partes do corpo onde o toque pode causar excitação sexual." Simples. Temos várias, mas foquemo-nos numa: os lábios.“

Não é preciso ser cinéfilo para saber que qualquer romance, por mais desinteressante que seja, começa com um ósculo. Nos lábios. Regra geral, é a primeira de várias zonas a ser estimulada no processo de cópula. Cópula essa, que, deduzo, se dê com alguém por quem nutramos, para além de outros sentimentos, atracção sexual. Culpemos então, entre outros, as belas das feromonas. Sentimos vontade de beijar nos lábios pessoas por quem estejamos atraídos sexualmente. Até aqui tudo perfeitamente normal. 
Seria, se uma pessoa não saísse de casa e não navegasse nas redes sociais e de x em x tempo (ainda são uma minoria, valha-nos isso) não lhe aparecessem fotos de adultos a beijar bébés e crianças. Onde? Na zona erógena de que acabámos de falar, pois claro. Fotos do Papá e da Mamã a partilhar saliva, seguidas de fotos dos Papás, Mamãs, Irmãos, Tios, Primos, e sabe-se lá mais quem, em modo ventosa com crianças, desde as que ainda não andam até às que já andam na escola.
Pobres seres indefesos e ingénuos. Não consigo ver este tipo de coisa, sem me ocorrer a palavra começada por “P”, é imediato, não consigo evitar, lamento, mas o que mais me perturba é que me é impossível não questionar se também acharão normal estimular zonas erógenas da criança, de uma forma geral (eu mencionei as náuseas). Podia focar-me na hedionda falta de higiene e perigos para a saúde da criança que tudo isto implica, mas deixo essa parte de lado, porque comparativamente, acho imensuravelmente menos chocante. 
Se calhar sou eu que já estou um bocado antiquada para o Mundo em que vivemos, mas só beijo na boca alguém que me atraia sexualmente. Por quem nutro sentimentos, cor-de-rosa e inocentes, desprovidos de qualquer cariz sexual, há toda uma face disponível, cada ser humano tem duas bochechas, cuja área é muito mais vasta do que a dos lábios. Portanto, acho que a falta de espaço facial, não será o motivo da escolha dos lábios dos pequenos…mas então, qual é? Querendo acreditar que quem o faz não tem segundas intenções com uma criança, muito menos com quem partilha DNA, queria perceber o porquê da estimulação de uma zona tão íntima, mas não consigo encontrar uma justificação válida, muito menos não aterradora.
O mais assustador, é assistir a isto, com crianças que já andam na escola primária! Se os pais as ensinam que é normal e aceitável beijá-los, beijar os irmãos, tios, primos, etc, na boca, como é que lhes vão explicar que está errado quando eles exibirem o mesmo comportamento com professores e colegas de turma? Ou como é que lhes vão explicar que a relação entre a Cersei e o Jaime Lannister afinal está super errada? De certeza que os pais os deixavam juntar lábios em pequeninos. Gostaram tanto que tiveram 3 filhos.
Já ouvi aquela justificação de “Ah, é só em pequeninos, não faz mal nenhum, eles não têm noção.” Pois, noção até podem não ter, coitadinhos, mas têm sensações e estímulos, garantidamente. Então mas se não tem mal em pequenos, qual é a lógica de passar a ter em adultos? Se é feito de forma inocente, qual é o problema da filha de 24 anos cumprimentar o pai de 57 com um beijo na boca? Ahhh, já sei, aí podem confundi-la com uma golddiger, já percebi, faz sentido. Se fosse um rapaz de 26 a cumprimentar a mãe de 60 com um beijo na boca iam dizer que era golddiger E gay. Pois é, vivemos num mundo preconceituoso.
Chamem-me ser demoníaco, demente, mal-intencionado e com pensamentos impuros, estejam à vontade, mas lembrem-se sempre: não sou eu que troco prazerosa e deliberadamente saliva com crianças. Tenho dito.



quinta-feira, 12 de novembro de 2015

A Lógica da Solanum tuberosum


 “What is right is often forgotten by what is convenient.”―Bodie Thoene

Sempre ouvi dizer que o carácter de um homem é revelado na derrota. O carácter, ou…a falta dele. Nunca me interessei muito por política, nem tenho vasto conhecimento sobre o tema, mas como o tópico deste post não é a política em si, mas sim o vulgar “chico espertísmo”, não há qualquer contrariedade.

Ora então, comecemos pelo início. Democracia. Diz a definição que “Democracia ("governo do povo") é um regime político em que todos os cidadãos elegíveis participam igualmente — directamente ou através de representantes eleitos — na proposta, no desenvolvimento e na criação de leis, exercendo o poder da governação através do sufrágio universal. Processo de escolha através do qual os indivíduos seleccionados terão o direito ao voto; processo de selecção feito através de uma votação; eleição.” Ok. Então exclareçamos o belo do sufrágio universal. Definição: “Consiste na extensão do sufrágio, ou o direito de voto, a todos os indivíduos considerados intelectualmente maduros.”
Humm…ok, vejamos então….democracia consiste em ouvir a palavra ao povo, deixar que o povo escolha quem quer que governe o País, através de votos. Votam e quem ganhar, governa. Faz sentido. Passámos uma eternidade a gramar com os líderes dos partidos em tudo o que era media, cada um prometeu mundos e fundos, as balelas de sempre, nenhum é merecedor do cargo, na verdade, mas há que escolher algum, portanto, escolhamos o menos mau. Bom, rumo às urnas então. Lá fomos.
Contados os votos, diz o resultado, que o partido mais votado, eleito pelo povo foi o PPD/PSD.CDS-PP, com 36,86 %, seguido pelo PS com 32,31%, em terceiro o BE com 10,19% e em quarto, o PCP-PEV com 8,25%. Pronto, democracia em acção, não há qualquer dúvida, coligação Portugal à frente, literalmente à frente, formem governo. Gostemos ou não, o povo escolheu.

(Alguns dias depois…)

Ah, mas não, esperem, esperem. Pára tudo. Não é assim. Surgiu uma ideia! Conseguimos descobrir uma lacuna! Diz o pessoal de esquerda, que a matemática afinal não estava bem feita. Ora vejamos… se o PSD-CDS, o pessoal da direita, teve 36,86%...então…o pessoal de esquerda teve mais. E não é que somando 32,31+10,19+8,25= 50,75%? Olha, pois dá. Bem, esta coisa da democracia afinal já me está a confundir….querem ver que a eleição era entre direita e esquerda e ninguém me avisou? Eh pá, mas eu ia jurar que no boletim estavam partidos. Será que vi mal? Ah, esperem, ouvi agora falar em coligação. Diz que há uma coligação entre a malta de esquerda, os três principais formaram um só partido. Bem, mas será que estou com indícios de Alzheimer? Primeiro o boletim…e agora, não me lembro nada de ouvir falar em coligação deste três, na altura da campanha, nem no dia das eleições…homessa!
Estava eu a caminho do hospital mais próximo, quando finalmente me elucidaram. É a bela da Constituição Portuguesa. E não é que é legal?! Caso a dor de cotovelo dos partidos perdedores seja insuportável, é legal e perfeitamente possível que se juntem de modo a derrubar o partido vencedor?! E esta, hein?  E mais, é ainda aceitável gritar a plenos pulmões que conseguiram pôr a Democracia em acção, que venceram e que derrotaram o partido com maioria.
Pronto, confundiram-me novamente…então o povo é que escolhe…36% do povo vota no PSD-CDS..mas partidos que tiveram números insignificantes como o BE e o PCP, com apenas 10,19% e 8.25% de pessoas a querê-los no governo, correspondentemente, é que ganharam? Humm? Está a escapar-me qualquer coisa. Se temos o partido A, B, C e D e votamos…o que leva alguém a crer que quem votou no B, quer o C? Ou que quem votou D, concorda com os ideias de B? Votar em A, B, C ou D, não é igual a votar em A ou B+C+D. Será que faltei a alguma aula importante de matemática?
Espero nunca padecer dessa maldita doença, dor de cotovelo.  Pelo menos que não seja contagiosa. Deve ser mesmo uma dor horrenda, insuportável e os efeitos colaterais são trágicos: completa falta de dignidade e carácter. Será que há tratamento? Diz que às vezes, o melhor castigo é mesmo conseguir-se o que se quer. Pode ser que se curem, se assim for.
Com isto tudo, agora fiquei com uma dúvida..o próximo prémio do euromilhões está nos 129.000.000 euros. Como o País está, não sei se jogue ou não..Se nas eleições há um partido vencedor mas os que perderam acham que eles é que têm direito a governar porque a matemática diz, que se juntarem os que perderam, esse número de pessoas é superior ao número de votantes no partido vencedor...quer dizer  que se jogar e me sair o euromilhões, só a mim..retiram-me o dinheiro e distribuem pelos milhões de perdedores?  Se calhar não vale a pena estourar os 2 euros no boletim, para além de não ficar com o prémio ainda  perco dinheiro.

É legal o que se está a passar? É. A pergunta é: é correcto? É de pessoas sérias, dignas, com carácter? Não, mas diz que é de esquerda. 

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Latão Banhado a Ouro (de 24 quilates)


“Hypocrite: The man who murdered his parents, and then pleaded for mercy on the grounds that he was an orphan.” - Abraham Lincoln



Pois é, coitadinho do órfão. Oceanos de lágrimas por ele.  Por ele e por todas as pessoas que enfiarem a carapuça relativamente ao assunto que abordarei neste tema.
Ora, pelos vistos, parece que há idade limite para se ser solteiro, desprovido de prole, não possuir viatura própria e viver com os pais. Parece que existe um género de contra-relógio, para cada uma destas metas. 
Viatura, convém ter logo aos 18 (a primeira de várias), é peremptório vagar a casa dos pais antes dos 25,  ai da criatura que não tenha encontrado a cara-metade antes dos 30 (idade em que já deve estar a subir ao altar  e com a chave da casa nova no bolso) e, cruzes, extinga-se a raça humana, se não houver descendência antes dos 35.
Quem quiser seguir as “regras”, faça favor, cada um sabe de si, farto-me de dizer, haja liberdade, façam o que vos der na real gana, a vida é vossa, se são felizes seguindo o guião, fantástico. Não tenho absolutamente nada contra, sorte de quem conseguir ter a felicidade de conseguir atingir todas estas metas, independentemente da idade, se for essa a sua vontade e, e chegamos agora ao busílis da questão, se tiver CAPACIDADE para tal. Volto a repetir: CAPACIDADE. E, por CAPACIDADE (o CAPS é essencial, lamento), entenda-se autonomia e acima de tudo uma conta bancária e estabilidade que permitam viver o belo do conto de fadas, INDEPENDENTEMENTE.
Caso seja eu a única pessoa a presenciar constantemente casos destes, passo a exemplificar, na primeira pessoa do singular.

“Ora, vamos comprar um carro. “ Ganham o suficiente para pagar o empréstimo de um Fiat. Compram o Fiat? Não, claro que não. Por que carga de água iriam comprar um Fiat se o que queriam mesmo era um Audi? Só se vive uma vez, venha de lá o Audi.  “E agora, como é que pagamos o empréstimo? Ficamos sem dinheiro nenhum para contas,  comida, etc..!!” Mas têm um Audi, é o que importa!

“Isto de viver com os pais não é nada “cool”...tenho de arranjar casa. Ganho tão pouco...se conseguir alugar um T0 é uma sorte. Mas não, tem de ser, o meu status social é primordial, não posso continuar a viver com os meus pais. Vou alugar uma casa, os avós e os tios também devem ajudar a pagar a renda, é na boa. Também só gasto na renda, depois vou jantar todos os dias à casa dos meus pais e levo a roupa para a minha mãe lavar e passar. É na boa.” MAS tem morada diferente da dos pais, apesar de nada ter mudado, é o que conta, já é “independente”.

“Então querida, o que achas de casarmos? Já namoramos há tanto tempo, acho que está na altura.  O que interessa é mesmo a nossa união, casar não é caro, a festa é que pesa. Podíamos fazer uma coisinha pequena, só para os mais íntimos, singelo mas belo...se bem que..é uma pena não termos dinheiro para uma festança daquelas...200 convidados, num lugar da moda, convites bordados a ouro, lembranças para todos os convidados...eh pá, isso é que era! Pensando bem..não podemos ser forretas, não é? Só se casa uma vez!” (Lol?) “Olha, dane-se, bora lá fazer uma festa como merecemos, dinheiro arranja-se! “

“30 e poucos e nada de bebés? Não pode ser.  Para os homens ainda é naquela, mas para as mulheres, a janela da fertilidade diminui a cada dia. Não conseguimos pagar as contas todas da casa, vamos jantar quase todos os dias à casa dos papás, e nem dá para ir jantar fora uma vez por semana, mas temos mesmo de ter um bebé. Tem de ser. Não há espaço em casa, só temos um quarto, mas onde cabem dois cabem três. Eh pá, mas um bebé, diz que dá muita despesa...se nem sobra para nós, como é que vamos  pagar médicos, o parto, toda a panóplia de bens materiais que envolvem um recém-nascido? E depois, com quem é que o vamos deixar? Temos de trabalhar os dois e os avós também trabalham. Creche, claro. Diz que custa balúrdios... Bom, mas a janela é que importa, venha de lá o bebé, o resto depois resolve-se. “

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Então não resolve, meus amigos? Claro que tudo se resolve! Não tem dinheiro para pagar o empréstimo do carro? A avó ajuda, querido. Não há dinheiro para pagar renda de casa, comida, e contas? Não faz mal, os papás pagam a renda, fornecem a comida e o serviço de lavandaria e ainda limpam a casa ao domingo.
Vão casar? Casem à vontade, não se esqueçam de convidar também o senhor do talho, que assim pode ser que faça desconto na carne. Há espaço para todos, os sogros pedem um empréstimo, o vestido de noiva paga-se em prestações e as alianças de ouro e diamante os padrinhos fornecem.
Bebés? Venham eles, aquelas coisas ricas, que derretem o coração de qualquer um, sejam feios ou bonitos. Coração derretido, carteira aberta. Quem não tem dó de uma grávida ou de um bebé em necessidade?  Precisa de 30 biberons, 1427 fraldas, um berço, carrinho, cadeirinha, cremes para cada cm de corpo e 10 mudas de roupa diárias? Oh meus caros, é só pedir, não queremos que falte nada à criança, por quem nos tomam?  Ah, têm uma lista na loja? Melhor ainda.

Já que a dignidade é irrelevante, quiçá nem sabem o que significa, podem sempre fazer como uns e outros, e escolher cônjuge única e exclusivamente baseado no valor da conta bancária e influência social. Pelo menos poupam-nos a parte do choradinho "Ai, a vida esta tao difícil, o dinheiro não chega nem para metade das contas, ai,ui..", choradinho esse, que me comove tanto como um alcoolico morrer de cirrose hepática. Poupam-nos os ouvidos e a carteira e torna-se muito mais divertido de assistir.

Oh meus caros..querem ter carro, casa, filhos e festas de arromba? Acho uma belíssima ideia. Querem casar com vestidos decorados com cristais Swarovski? Brilhem à vontade. Bebam Dom Perignon ao pequeno-almoço se quiserem, mas pelo amor da cara-de-pau,  paguem do vosso bolso e deixem de viver vidas que não podem suportar, porque as restantes pessoas com dignidade que restam no mundo e que vivem a vida que têm CAPACIDADE de suportar, não ganham para suportar a vossa. Sim?  A Santa Casa da Misericórdia ainda funciona, tentem por lá. Talvez devesse abrir a Santa Casa da LATA DESCOMUNAL, seria um sucesso. Até lá, ganhem vergonha na cara (diz que é grátis).

terça-feira, 2 de junho de 2015

Razzies Do Quotidiano


Men should be what they seemor those that be notwould they might seem none!” William Shakespeare

Antes de mais, devo frisar que este desabafo, apesar de estar relacionado com orientação sexual, não é para aí virado.


(Esta merece uma pausa.)



Dado que não é esse o foco do tema, não percamos tempo a aprofundar o ponto errado. 
Sim, há aparências que iludem, nem tudo o que parece é, mas, meus caros, há também o óbvio, o que parece, e é mesmo. Eu, sinceramente, não me interessa minimamente o que cada um faz da sua vida, como, quando, onde, ou com quem. Cada um sabe de si, tanto se me dá, como se me deu. É do conhecimento geral, que o facto de uma pessoa (seja do sexo feminino ou masculino) gostar do mesmo sexo, não é aceite por todos os indivíduos do planeta. No mesmo barco, encontram-se casais inter-raciais, casais de gerações, culturas, religiões, ou estatutos diferentes. 

Eu percebo que, por exemplo, para uma pessoa homossexual com uma família mais...chamemos-lhe “conservadora”, “pouco dada à ciência”, não seja fácil apresentar uma cara metade com o mesmo par de cromossomas sexuais. Variará, consoante a família, e, cada caso é um caso. Por vezes, há todo um leque de variáveis em jogo: afectivas, morais, monetárias, sociais. Ok.

Podíamos ficar por aqui, e pronto, cada um sabe de si, porque não temos absolutamente nada a ver com a vida alheia. Podíamos…mas não. E porquê? Por causa das pessoas que levaram ao nascimento deste post: os seres que se acham superiores e rodeados de acéfalos, e fazem da sua vida uma comédia, com actuações dignas de uma Framboesa de Ouro.
Como com todos os filmes, há sempre quem ache piada e até mesmo quem não compreenda o óbvio, mas pelas opiniões que ouço, será uma minoria, nestes casos (felizmente). 

Assistir a pessoas , especialmente quando são do sexo masculino e já para lá dos 20, obviamente (sim, é evidente, e não é preconceito, é pós-conceito) gays (e assumidamente para um número restrito de pessoas, muitos deles) a falar de mulheres como se fossem os maiores garanhões da zona, e a fazerem o papel de “playboy”, chegando mesmo a vias de facto com o máximo possível de exemplares do sexo oposto, de modo a consolidar o papel, é absolutamente degradante (e ridículo) e não convence ninguém que possua mais de meia dúzia de neurónios e tenha a visão funcional.

Do meu peculiaríssimo ponto de vista, coragem, significa enfrentar o medo e agir, independentemente das consequências pessoais. Nem todos os seres possuem essa nobre característica, é um facto. Na minha singela opinião, acho deveras triste e pouco honroso que alguém não tenha intrepidez suficiente para assumir a pessoa que é, com tudo o que isso engloba, mas, novamente, cada um sabe de si, o que está em jogo, pros e contras, as suas prioridades e o tipo de pessoa que é, ou quer ser. A vida é de cada um, cada um é livre de fazer as suas escolhas e viver da forma que quiser, mas há limites (digo eu). Exemplifiquemos: 

Ora agora, anda por aí, completamente à solta, o fenómeno do "pandering", super na moda nos dias que correm. Ou seja, dizer o que é suposto, independentemente da opinião pessoal, é satisfazer os ouvidos da humanidade do século XXI. É mostrar uma mente tão arejada, mas tão arejada que se torna oca, pronta a ser formatada com o "politicamente correcto". 

Ultimamente, tudo o que é meio de comunicação, anda entupido com uma celebridade que nasceu do género masculino (somente no exterior, diz o próprio/a?) que tem sido muito aclamada por ter tido a coragem de após cerca de quase 7 décadas de existência, 3 casamentos com pessoas do género feminino e 6 rebentos, assumir que afinal não era bem homem e que sempre quis ser mulher (haja persistência e amor pela representação). O processo de mudança de sexo já está practicamente  finalizado. Exige coragem? Pois com certeza que sim. Exige todas as partes que a esta hora ja lhe foram removidas. Eh positivo? Bom, acho que cada um deve fazer o que for preciso para ser feliz, e se a pessoa agora se sentir finalmente bem e orgulhosa do resultado, certamente. Tudo muito bem, seja feliz nos 20 e poucos anos que lhe restam. Temos todo um final feliz, palmas e elogios de tudo o que é boca...mas...agora pergunto eu: então e ter pensado nisso antes de ter 3 mulheres e 6 rebentos? Humm? Não viver toda uma vida de fachada, enganar 3 mulheres e fazer 6 filhos terem de deixar de ter Pai e de passar por tudo isto? "Olhem filhos, o pai vai ali mudar para mulher, tem um novo nome e a partir de agora vai ao cabeleireiro e manicure todas as semanas e usa baton e sombra nos olhos, mas nada muda, só não me voltem a chamar pai que isso me arrepia." 

Parece-me um caso chapadíssimo de egoísmo. A vida é feita de escolhas e cada escolha tem as suas consequências. Se há quem não tenha a coragem de ser o que é, pelo menos, viva a sua vida de forma a que todas as consequências dos seus actos não mudem a vida de terceiros. E por terceiros, entenda-se filhos, e por filhos, entenda-se pessoas que decidimos pôr no mundo e cuja felicidade e bem-estar são a nossa principal preocupação. 

Meus caros: uma coisa é não querer assumir, isso é lá convosco. Outra coisa, é atirar areia para os olhos dos demais e afectar irreparavelmente a vida de terceiros. Se as pessoas que vos rodeiam, são suficientemente educadas e bondosas, para fingir que não percebem a vossa preferência, o mínimo que se pede em troca, é que não insultem a inteligência alheia, ao encarnar uma personagem. Ou, pelo menos, tenham aulas de representação, davam um jeitão.  Ou, melhor ainda, percebam que quem vos estima realmente, se preocupa com muita coisa relacionada convosco, mas não com o facto de dormirem com ele ou com ela. 


Caríssimos.....corta!