Alguém se lembra de quando era pequeno (ou mais novo) pedir desesperadamente (quase a implorar) aos progenitores para não ter de dar os característicos “dois beijinhos” a um parente ou amigo da família, por razões que não seria delicado divulgar? Pois é, eu lembro-me.
Eu sei que quem vive em sociedade é obrigado a certas e determinadas atitudes de modo a integrar-se mas há algumas que por mais que tente não consigo encaixar, como é o caso de certas saudações.
Na minha opinião, acho que cada pessoa tem o seu espaço, é como se o corpo já viesse com o seu próprio jardim, vedado. Mas, tal como acontece nos verdadeiros jardins e propriedades privadas, há sempre quem não respeite a placa que diz: proibida a entrada. Não vou delimitar esse espaço, não sei se será da mesma dimensão para todos mas penso que toda a gente alguma vez na vida já deve ter achado que alguém estava “perto demais”. É como ter uma bela casa com um amplo jardim, completamente vedado. Há as pessoas que tocam à campaínha e apenas se fala pelo intercomunicador e as pessoas a quem abrimos o portão. Dentro dessas, temos aquelas que não passam do jardim e as que convidamos para dentro de casa. Dentro de casa, temos as que ficam pela zona mais pública da casa, o rés-do-chão, e as que permitimos subir ao segundo andar, uma zona muitíssimo mais restrita. Acho que por aqui já chega, não será necessário alongar-me às divisões...
Acho muito bem que as pessoas se cumprimentem, o que me causa algum desconforto é apenas o “como”. Porque é que duas pessoas que nunca se viram hão-de invadir o espaço alheio? Ultrapassa-me. Penso que o cumprimento menos invasivo é o aperto de mão. Eu entendo que se apele à simbologia mas...não se pode usar um gesto que não implique toque? Seguir o exemplo japonês, neste ponto? Não digo fazer vénias, também não acho apropriado, mas um simples acenar, seja de cabeça ou mão, a meu ver, seria suficiente para que duas pessoas se saudassem. Quando se dirigirem a lavabos públicos façam a seguinte experiência: eu sei que um lavabo público não convida à permanência mas tentem adiar a saída alguns minutos e contem o número de pessoas que após tratar das suas necessidades fisiológicas lavam as mãos. De preferência mantenham-se longe da vista dos indivíduos em análise de modo a que a acção não seja condicionada pela vossa presença. A noção de aperto de mão toma outro sentido.
Ia falar agora dos já mencionados “dois beijinhos” mas lembrei-me que há outra forma de cumprimento ainda mais comum do que essa: os “falsos dois beijinhos”. Mais especificamente, um roçar de caras com banda sonora. Ora, encosta-se a nossa bochecha à bochecha alheia (esteja ela como estiver) e estica-se os lábios de modo a produzir o som de um beijo, este lançado na atmosfera. Chamem-me paranóica mas isto para mim é um sinal. Isto significa que as pessoas não querem realmente encostar os seus lábios à bochecha alheia, mas uma vez que é esse o comportamento socialmente correcto têm esse gesto mas...falsificado. No entanto há sempre quem faça questão de manter a tradição e que faz questão de colar a ventosa às faces alheias, muitas vezes nunca antes vistas (hoje estou a conter-me, não vou mencionar baba, pus, nem nada desse género).
Sobra-nos o abraço..a invasão completa, a tomada total do espaço alheio.
E com isto não me interpretem mal, eu acho bonita a ideia de espalhar amor, carinho, dividir saliva, esfregar bochechas, abraços, etc, sou adepta e acho que só faz é bem mas...que se tenha voto na matéria, que se possa escolher. É só isso que está em causa, podermos escolher as bochechas em que tocamos, o contacto salivar que mantemos e a possibilidade de controlar o acesso ao nosso segundo andar e seus compartimentos...
Eu sei que quem vive em sociedade é obrigado a certas e determinadas atitudes de modo a integrar-se mas há algumas que por mais que tente não consigo encaixar, como é o caso de certas saudações.
Na minha opinião, acho que cada pessoa tem o seu espaço, é como se o corpo já viesse com o seu próprio jardim, vedado. Mas, tal como acontece nos verdadeiros jardins e propriedades privadas, há sempre quem não respeite a placa que diz: proibida a entrada. Não vou delimitar esse espaço, não sei se será da mesma dimensão para todos mas penso que toda a gente alguma vez na vida já deve ter achado que alguém estava “perto demais”. É como ter uma bela casa com um amplo jardim, completamente vedado. Há as pessoas que tocam à campaínha e apenas se fala pelo intercomunicador e as pessoas a quem abrimos o portão. Dentro dessas, temos aquelas que não passam do jardim e as que convidamos para dentro de casa. Dentro de casa, temos as que ficam pela zona mais pública da casa, o rés-do-chão, e as que permitimos subir ao segundo andar, uma zona muitíssimo mais restrita. Acho que por aqui já chega, não será necessário alongar-me às divisões...
Acho muito bem que as pessoas se cumprimentem, o que me causa algum desconforto é apenas o “como”. Porque é que duas pessoas que nunca se viram hão-de invadir o espaço alheio? Ultrapassa-me. Penso que o cumprimento menos invasivo é o aperto de mão. Eu entendo que se apele à simbologia mas...não se pode usar um gesto que não implique toque? Seguir o exemplo japonês, neste ponto? Não digo fazer vénias, também não acho apropriado, mas um simples acenar, seja de cabeça ou mão, a meu ver, seria suficiente para que duas pessoas se saudassem. Quando se dirigirem a lavabos públicos façam a seguinte experiência: eu sei que um lavabo público não convida à permanência mas tentem adiar a saída alguns minutos e contem o número de pessoas que após tratar das suas necessidades fisiológicas lavam as mãos. De preferência mantenham-se longe da vista dos indivíduos em análise de modo a que a acção não seja condicionada pela vossa presença. A noção de aperto de mão toma outro sentido.
Ia falar agora dos já mencionados “dois beijinhos” mas lembrei-me que há outra forma de cumprimento ainda mais comum do que essa: os “falsos dois beijinhos”. Mais especificamente, um roçar de caras com banda sonora. Ora, encosta-se a nossa bochecha à bochecha alheia (esteja ela como estiver) e estica-se os lábios de modo a produzir o som de um beijo, este lançado na atmosfera. Chamem-me paranóica mas isto para mim é um sinal. Isto significa que as pessoas não querem realmente encostar os seus lábios à bochecha alheia, mas uma vez que é esse o comportamento socialmente correcto têm esse gesto mas...falsificado. No entanto há sempre quem faça questão de manter a tradição e que faz questão de colar a ventosa às faces alheias, muitas vezes nunca antes vistas (hoje estou a conter-me, não vou mencionar baba, pus, nem nada desse género).
Sobra-nos o abraço..a invasão completa, a tomada total do espaço alheio.
E com isto não me interpretem mal, eu acho bonita a ideia de espalhar amor, carinho, dividir saliva, esfregar bochechas, abraços, etc, sou adepta e acho que só faz é bem mas...que se tenha voto na matéria, que se possa escolher. É só isso que está em causa, podermos escolher as bochechas em que tocamos, o contacto salivar que mantemos e a possibilidade de controlar o acesso ao nosso segundo andar e seus compartimentos...