sexta-feira, 12 de junho de 2015

Latão Banhado a Ouro (de 24 quilates)


“Hypocrite: The man who murdered his parents, and then pleaded for mercy on the grounds that he was an orphan.” - Abraham Lincoln



Pois é, coitadinho do órfão. Oceanos de lágrimas por ele.  Por ele e por todas as pessoas que enfiarem a carapuça relativamente ao assunto que abordarei neste tema.
Ora, pelos vistos, parece que há idade limite para se ser solteiro, desprovido de prole, não possuir viatura própria e viver com os pais. Parece que existe um género de contra-relógio, para cada uma destas metas. 
Viatura, convém ter logo aos 18 (a primeira de várias), é peremptório vagar a casa dos pais antes dos 25,  ai da criatura que não tenha encontrado a cara-metade antes dos 30 (idade em que já deve estar a subir ao altar  e com a chave da casa nova no bolso) e, cruzes, extinga-se a raça humana, se não houver descendência antes dos 35.
Quem quiser seguir as “regras”, faça favor, cada um sabe de si, farto-me de dizer, haja liberdade, façam o que vos der na real gana, a vida é vossa, se são felizes seguindo o guião, fantástico. Não tenho absolutamente nada contra, sorte de quem conseguir ter a felicidade de conseguir atingir todas estas metas, independentemente da idade, se for essa a sua vontade e, e chegamos agora ao busílis da questão, se tiver CAPACIDADE para tal. Volto a repetir: CAPACIDADE. E, por CAPACIDADE (o CAPS é essencial, lamento), entenda-se autonomia e acima de tudo uma conta bancária e estabilidade que permitam viver o belo do conto de fadas, INDEPENDENTEMENTE.
Caso seja eu a única pessoa a presenciar constantemente casos destes, passo a exemplificar, na primeira pessoa do singular.

“Ora, vamos comprar um carro. “ Ganham o suficiente para pagar o empréstimo de um Fiat. Compram o Fiat? Não, claro que não. Por que carga de água iriam comprar um Fiat se o que queriam mesmo era um Audi? Só se vive uma vez, venha de lá o Audi.  “E agora, como é que pagamos o empréstimo? Ficamos sem dinheiro nenhum para contas,  comida, etc..!!” Mas têm um Audi, é o que importa!

“Isto de viver com os pais não é nada “cool”...tenho de arranjar casa. Ganho tão pouco...se conseguir alugar um T0 é uma sorte. Mas não, tem de ser, o meu status social é primordial, não posso continuar a viver com os meus pais. Vou alugar uma casa, os avós e os tios também devem ajudar a pagar a renda, é na boa. Também só gasto na renda, depois vou jantar todos os dias à casa dos meus pais e levo a roupa para a minha mãe lavar e passar. É na boa.” MAS tem morada diferente da dos pais, apesar de nada ter mudado, é o que conta, já é “independente”.

“Então querida, o que achas de casarmos? Já namoramos há tanto tempo, acho que está na altura.  O que interessa é mesmo a nossa união, casar não é caro, a festa é que pesa. Podíamos fazer uma coisinha pequena, só para os mais íntimos, singelo mas belo...se bem que..é uma pena não termos dinheiro para uma festança daquelas...200 convidados, num lugar da moda, convites bordados a ouro, lembranças para todos os convidados...eh pá, isso é que era! Pensando bem..não podemos ser forretas, não é? Só se casa uma vez!” (Lol?) “Olha, dane-se, bora lá fazer uma festa como merecemos, dinheiro arranja-se! “

“30 e poucos e nada de bebés? Não pode ser.  Para os homens ainda é naquela, mas para as mulheres, a janela da fertilidade diminui a cada dia. Não conseguimos pagar as contas todas da casa, vamos jantar quase todos os dias à casa dos papás, e nem dá para ir jantar fora uma vez por semana, mas temos mesmo de ter um bebé. Tem de ser. Não há espaço em casa, só temos um quarto, mas onde cabem dois cabem três. Eh pá, mas um bebé, diz que dá muita despesa...se nem sobra para nós, como é que vamos  pagar médicos, o parto, toda a panóplia de bens materiais que envolvem um recém-nascido? E depois, com quem é que o vamos deixar? Temos de trabalhar os dois e os avós também trabalham. Creche, claro. Diz que custa balúrdios... Bom, mas a janela é que importa, venha de lá o bebé, o resto depois resolve-se. “

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Então não resolve, meus amigos? Claro que tudo se resolve! Não tem dinheiro para pagar o empréstimo do carro? A avó ajuda, querido. Não há dinheiro para pagar renda de casa, comida, e contas? Não faz mal, os papás pagam a renda, fornecem a comida e o serviço de lavandaria e ainda limpam a casa ao domingo.
Vão casar? Casem à vontade, não se esqueçam de convidar também o senhor do talho, que assim pode ser que faça desconto na carne. Há espaço para todos, os sogros pedem um empréstimo, o vestido de noiva paga-se em prestações e as alianças de ouro e diamante os padrinhos fornecem.
Bebés? Venham eles, aquelas coisas ricas, que derretem o coração de qualquer um, sejam feios ou bonitos. Coração derretido, carteira aberta. Quem não tem dó de uma grávida ou de um bebé em necessidade?  Precisa de 30 biberons, 1427 fraldas, um berço, carrinho, cadeirinha, cremes para cada cm de corpo e 10 mudas de roupa diárias? Oh meus caros, é só pedir, não queremos que falte nada à criança, por quem nos tomam?  Ah, têm uma lista na loja? Melhor ainda.

Já que a dignidade é irrelevante, quiçá nem sabem o que significa, podem sempre fazer como uns e outros, e escolher cônjuge única e exclusivamente baseado no valor da conta bancária e influência social. Pelo menos poupam-nos a parte do choradinho "Ai, a vida esta tao difícil, o dinheiro não chega nem para metade das contas, ai,ui..", choradinho esse, que me comove tanto como um alcoolico morrer de cirrose hepática. Poupam-nos os ouvidos e a carteira e torna-se muito mais divertido de assistir.

Oh meus caros..querem ter carro, casa, filhos e festas de arromba? Acho uma belíssima ideia. Querem casar com vestidos decorados com cristais Swarovski? Brilhem à vontade. Bebam Dom Perignon ao pequeno-almoço se quiserem, mas pelo amor da cara-de-pau,  paguem do vosso bolso e deixem de viver vidas que não podem suportar, porque as restantes pessoas com dignidade que restam no mundo e que vivem a vida que têm CAPACIDADE de suportar, não ganham para suportar a vossa. Sim?  A Santa Casa da Misericórdia ainda funciona, tentem por lá. Talvez devesse abrir a Santa Casa da LATA DESCOMUNAL, seria um sucesso. Até lá, ganhem vergonha na cara (diz que é grátis).

terça-feira, 2 de junho de 2015

Razzies Do Quotidiano


Men should be what they seemor those that be notwould they might seem none!” William Shakespeare

Antes de mais, devo frisar que este desabafo, apesar de estar relacionado com orientação sexual, não é para aí virado.


(Esta merece uma pausa.)



Dado que não é esse o foco do tema, não percamos tempo a aprofundar o ponto errado. 
Sim, há aparências que iludem, nem tudo o que parece é, mas, meus caros, há também o óbvio, o que parece, e é mesmo. Eu, sinceramente, não me interessa minimamente o que cada um faz da sua vida, como, quando, onde, ou com quem. Cada um sabe de si, tanto se me dá, como se me deu. É do conhecimento geral, que o facto de uma pessoa (seja do sexo feminino ou masculino) gostar do mesmo sexo, não é aceite por todos os indivíduos do planeta. No mesmo barco, encontram-se casais inter-raciais, casais de gerações, culturas, religiões, ou estatutos diferentes. 

Eu percebo que, por exemplo, para uma pessoa homossexual com uma família mais...chamemos-lhe “conservadora”, “pouco dada à ciência”, não seja fácil apresentar uma cara metade com o mesmo par de cromossomas sexuais. Variará, consoante a família, e, cada caso é um caso. Por vezes, há todo um leque de variáveis em jogo: afectivas, morais, monetárias, sociais. Ok.

Podíamos ficar por aqui, e pronto, cada um sabe de si, porque não temos absolutamente nada a ver com a vida alheia. Podíamos…mas não. E porquê? Por causa das pessoas que levaram ao nascimento deste post: os seres que se acham superiores e rodeados de acéfalos, e fazem da sua vida uma comédia, com actuações dignas de uma Framboesa de Ouro.
Como com todos os filmes, há sempre quem ache piada e até mesmo quem não compreenda o óbvio, mas pelas opiniões que ouço, será uma minoria, nestes casos (felizmente). 

Assistir a pessoas , especialmente quando são do sexo masculino e já para lá dos 20, obviamente (sim, é evidente, e não é preconceito, é pós-conceito) gays (e assumidamente para um número restrito de pessoas, muitos deles) a falar de mulheres como se fossem os maiores garanhões da zona, e a fazerem o papel de “playboy”, chegando mesmo a vias de facto com o máximo possível de exemplares do sexo oposto, de modo a consolidar o papel, é absolutamente degradante (e ridículo) e não convence ninguém que possua mais de meia dúzia de neurónios e tenha a visão funcional.

Do meu peculiaríssimo ponto de vista, coragem, significa enfrentar o medo e agir, independentemente das consequências pessoais. Nem todos os seres possuem essa nobre característica, é um facto. Na minha singela opinião, acho deveras triste e pouco honroso que alguém não tenha intrepidez suficiente para assumir a pessoa que é, com tudo o que isso engloba, mas, novamente, cada um sabe de si, o que está em jogo, pros e contras, as suas prioridades e o tipo de pessoa que é, ou quer ser. A vida é de cada um, cada um é livre de fazer as suas escolhas e viver da forma que quiser, mas há limites (digo eu). Exemplifiquemos: 

Ora agora, anda por aí, completamente à solta, o fenómeno do "pandering", super na moda nos dias que correm. Ou seja, dizer o que é suposto, independentemente da opinião pessoal, é satisfazer os ouvidos da humanidade do século XXI. É mostrar uma mente tão arejada, mas tão arejada que se torna oca, pronta a ser formatada com o "politicamente correcto". 

Ultimamente, tudo o que é meio de comunicação, anda entupido com uma celebridade que nasceu do género masculino (somente no exterior, diz o próprio/a?) que tem sido muito aclamada por ter tido a coragem de após cerca de quase 7 décadas de existência, 3 casamentos com pessoas do género feminino e 6 rebentos, assumir que afinal não era bem homem e que sempre quis ser mulher (haja persistência e amor pela representação). O processo de mudança de sexo já está practicamente  finalizado. Exige coragem? Pois com certeza que sim. Exige todas as partes que a esta hora ja lhe foram removidas. Eh positivo? Bom, acho que cada um deve fazer o que for preciso para ser feliz, e se a pessoa agora se sentir finalmente bem e orgulhosa do resultado, certamente. Tudo muito bem, seja feliz nos 20 e poucos anos que lhe restam. Temos todo um final feliz, palmas e elogios de tudo o que é boca...mas...agora pergunto eu: então e ter pensado nisso antes de ter 3 mulheres e 6 rebentos? Humm? Não viver toda uma vida de fachada, enganar 3 mulheres e fazer 6 filhos terem de deixar de ter Pai e de passar por tudo isto? "Olhem filhos, o pai vai ali mudar para mulher, tem um novo nome e a partir de agora vai ao cabeleireiro e manicure todas as semanas e usa baton e sombra nos olhos, mas nada muda, só não me voltem a chamar pai que isso me arrepia." 

Parece-me um caso chapadíssimo de egoísmo. A vida é feita de escolhas e cada escolha tem as suas consequências. Se há quem não tenha a coragem de ser o que é, pelo menos, viva a sua vida de forma a que todas as consequências dos seus actos não mudem a vida de terceiros. E por terceiros, entenda-se filhos, e por filhos, entenda-se pessoas que decidimos pôr no mundo e cuja felicidade e bem-estar são a nossa principal preocupação. 

Meus caros: uma coisa é não querer assumir, isso é lá convosco. Outra coisa, é atirar areia para os olhos dos demais e afectar irreparavelmente a vida de terceiros. Se as pessoas que vos rodeiam, são suficientemente educadas e bondosas, para fingir que não percebem a vossa preferência, o mínimo que se pede em troca, é que não insultem a inteligência alheia, ao encarnar uma personagem. Ou, pelo menos, tenham aulas de representação, davam um jeitão.  Ou, melhor ainda, percebam que quem vos estima realmente, se preocupa com muita coisa relacionada convosco, mas não com o facto de dormirem com ele ou com ela. 


Caríssimos.....corta!