Há uns dias resolvi fazer um bolo, uma receita nova. Esmerei-me, segui a receita à risca, incluíndo a cobertura.
Resumindo..foi provavelmente o bolo mais bonito que alguma vez fiz. A apresentação estava excelente, dava gosto olhar para o bolo e, modéstia à parte, a cobertura estava de comer e chorar por mais. Fiquei felicíssima. Por mais contraditório que possa parecer, adoro fazer bolos mas raramente os como. No entanto, faço sempre questão de provar as minhas confecções antes de as oferecer, obviamente. Assim, peguei orgulhosamente na faca e cortei uma fatia perfeita.
Ansiosa pelo sabor inebriante do chocolate, eis que um pedaço da belíssima fatia atinge as minhas papilas gustativas. A informação transmitida pelas mesmas ao meu cérebro pode ser classificada como..............horrendo. Ora aí está. Admito. Por baixo da melhor cobertura de todos os tempos (do meu, é claro) encontra-se o pior bolo de todos os tempos. Contraditório não é? Como é que uma cobertura tão fenomenal pode esconder um interior intragável?
Revi a receita mais uma vez, talvez me tivesse enganado..talvez me tivesse esquecido de algum ingrediente fundamental ou talvez tivesse colocado algum na proporção errada. Não, não foi o caso, segui mesmo a receita à risca. Fiquei feliz por o problema ser da receita e não das minhas capacidades culinárias.
Com a auto-estima culinária recuperada, os meus infinitos pensamentos levaram-me ao Natal...lembrei-me das árvores de Natal e dos presentes que esta acolhe. Acho que isto acontece a toda a gente, mas a mim acontece-me quase todos os anos. Há sempre um presente debaixo da árvore que é tido como o presente-alvo, ou seja, é aquele embrulho que nos atrai mais do que qualquer outro. Podemos ter 20 embrulhos na árvore mas só focamos a nossa atenção naquele. Poderá ser por ter o papel de embrulho da loja onde vendam o bem material que mais desejávamos nesse Natal, pode ser pela forma, que se assemelha incrivelmente ao formato do objecto tão desejado ou simplesmente porque é a prenda proveniente da pessoa que, por ser extremamente perspicaz e atenta a todas as nossas formas subtis de indicar o que queremos, sabe exactamente o que gostaríamos de receber.
Damos por nós constantemente a olhar para aquele embrulho, completamente hipnotizados...por vezes o fascínio é tanto que quando chega a tão aguardada meia-noite, deixamos esse embrulho para o fim, de modo a prolongar a expectativa e a que seja a cereja no topo do bolo. Por fim, quando já esgotámos todos os presentes, aproximamo-nos do nosso objecto desejado e removemos o embrulho com tamanha delicadeza que qualquer pessoa suporia tratar-se de porcelana. Removemos então o embrulho e eis que...a desilusão se abate sobre nós....sentimento tão recorrente nos tempos que correm. Por vezes ainda se tem aquela sensação de que foi uma piada e que dentro de um minuto alguém vai entrar pela porta da sala com o presente verdadeiro nas mãos...ocasionalmente aguardo, mas em vão. O presente nunca chega. E percebo que por mais tentativas subtis que faça de dar uma luz sobre o que gostaria de receber, por mais pistas que indique, não adianta. Talvez a percepção não seja uma qualidade assim tão comum. Ou talvez a minha subtileza seja demasiado subtil, quiçá.
Após tantos Natais já deveria ter aprendido, no entanto interrogo-me. Talvez tenha sido o papel de embrulho que me tenha enganado..talvez a sua cor fosse extremamente apelativa ou o seu laço estivesse impecavelmente bem feito. Quem sabe, não terá sido mesmo o formato do embrulho? Tão semelhante em forma ao que eu tanto almejava? Quem sabe.
Apercebo-me então do poder do invólucro. Será que se o bem que tanto desejava estivesse debaixo da árvore mas envolto em papel de jornal ou num simples caixote velho me teria chamado a atenção? Temos sempre a noção que se esperamos receber um diamante este terá de vir envolto numa bela caixa acetinada, cuidadosamente protegido por uma peça de seda. Umas meias (tão comuns no Natal como o perú), por sua vez, estarão inseridas num simples papel de embrulho de hiper-mercado. Como é supérflua a visão humana.
Voltemos então ao bolo...se falta o ingrediente chave, se a mistura dos mesmos não é a correcta, se a proporção não é a adequada, o bolo nunca sairá bem e nem a melhor cobertura do universo poderá salvar um bolo intragável.
Para o bolo perfeito não basta a cobertura perfeita mas essencialmente os ingredientes certos, nas proporções ideais, e essa sim, é a receita perfeita.
Resumindo..foi provavelmente o bolo mais bonito que alguma vez fiz. A apresentação estava excelente, dava gosto olhar para o bolo e, modéstia à parte, a cobertura estava de comer e chorar por mais. Fiquei felicíssima. Por mais contraditório que possa parecer, adoro fazer bolos mas raramente os como. No entanto, faço sempre questão de provar as minhas confecções antes de as oferecer, obviamente. Assim, peguei orgulhosamente na faca e cortei uma fatia perfeita.
Ansiosa pelo sabor inebriante do chocolate, eis que um pedaço da belíssima fatia atinge as minhas papilas gustativas. A informação transmitida pelas mesmas ao meu cérebro pode ser classificada como..............horrendo. Ora aí está. Admito. Por baixo da melhor cobertura de todos os tempos (do meu, é claro) encontra-se o pior bolo de todos os tempos. Contraditório não é? Como é que uma cobertura tão fenomenal pode esconder um interior intragável?
Revi a receita mais uma vez, talvez me tivesse enganado..talvez me tivesse esquecido de algum ingrediente fundamental ou talvez tivesse colocado algum na proporção errada. Não, não foi o caso, segui mesmo a receita à risca. Fiquei feliz por o problema ser da receita e não das minhas capacidades culinárias.
Com a auto-estima culinária recuperada, os meus infinitos pensamentos levaram-me ao Natal...lembrei-me das árvores de Natal e dos presentes que esta acolhe. Acho que isto acontece a toda a gente, mas a mim acontece-me quase todos os anos. Há sempre um presente debaixo da árvore que é tido como o presente-alvo, ou seja, é aquele embrulho que nos atrai mais do que qualquer outro. Podemos ter 20 embrulhos na árvore mas só focamos a nossa atenção naquele. Poderá ser por ter o papel de embrulho da loja onde vendam o bem material que mais desejávamos nesse Natal, pode ser pela forma, que se assemelha incrivelmente ao formato do objecto tão desejado ou simplesmente porque é a prenda proveniente da pessoa que, por ser extremamente perspicaz e atenta a todas as nossas formas subtis de indicar o que queremos, sabe exactamente o que gostaríamos de receber.
Damos por nós constantemente a olhar para aquele embrulho, completamente hipnotizados...por vezes o fascínio é tanto que quando chega a tão aguardada meia-noite, deixamos esse embrulho para o fim, de modo a prolongar a expectativa e a que seja a cereja no topo do bolo. Por fim, quando já esgotámos todos os presentes, aproximamo-nos do nosso objecto desejado e removemos o embrulho com tamanha delicadeza que qualquer pessoa suporia tratar-se de porcelana. Removemos então o embrulho e eis que...a desilusão se abate sobre nós....sentimento tão recorrente nos tempos que correm. Por vezes ainda se tem aquela sensação de que foi uma piada e que dentro de um minuto alguém vai entrar pela porta da sala com o presente verdadeiro nas mãos...ocasionalmente aguardo, mas em vão. O presente nunca chega. E percebo que por mais tentativas subtis que faça de dar uma luz sobre o que gostaria de receber, por mais pistas que indique, não adianta. Talvez a percepção não seja uma qualidade assim tão comum. Ou talvez a minha subtileza seja demasiado subtil, quiçá.
Após tantos Natais já deveria ter aprendido, no entanto interrogo-me. Talvez tenha sido o papel de embrulho que me tenha enganado..talvez a sua cor fosse extremamente apelativa ou o seu laço estivesse impecavelmente bem feito. Quem sabe, não terá sido mesmo o formato do embrulho? Tão semelhante em forma ao que eu tanto almejava? Quem sabe.
Apercebo-me então do poder do invólucro. Será que se o bem que tanto desejava estivesse debaixo da árvore mas envolto em papel de jornal ou num simples caixote velho me teria chamado a atenção? Temos sempre a noção que se esperamos receber um diamante este terá de vir envolto numa bela caixa acetinada, cuidadosamente protegido por uma peça de seda. Umas meias (tão comuns no Natal como o perú), por sua vez, estarão inseridas num simples papel de embrulho de hiper-mercado. Como é supérflua a visão humana.
Voltemos então ao bolo...se falta o ingrediente chave, se a mistura dos mesmos não é a correcta, se a proporção não é a adequada, o bolo nunca sairá bem e nem a melhor cobertura do universo poderá salvar um bolo intragável.
Para o bolo perfeito não basta a cobertura perfeita mas essencialmente os ingredientes certos, nas proporções ideais, e essa sim, é a receita perfeita.
vá lá que tu tens sempre o ritual de experimentar as coisas...safaste te de boa:) na minha casa nem dá hipotese o glutão, monstrinho das bolachas do meu namorado nem deixa um bolo arrefecer, só não o come todo antes de arrefecer pk fica mal, senão até marchava...ca nervos...eu ás vezes nem lhes vejo migalhas...
ResponderEliminarbruna